BRASILEIRO É MAL-EDUCADO?
SIM
É impossível generalizar o “brasileiro”, já que na imensa arca de nosso país convivem 140 milhões de pessoas em mundos completamente diferentes. Assim, analisarei os brasileiros dentro de minha atividade profissional. Dentro dela, os considero, com pouquíssimas exceções, um povo mal-educado.
Normalmente envio convites para um evento, pedindo um retorno através do R.S.V.P., em francês répondez s’il vous plait (responder por favor). Poucos respondem. Talvez porque não saibam o significado do R.S.V.P. Talvez esqueçam ou achem uma coisa sem importância. É impressionante o pouco caso que se faz com esse tipo de coisa. Agradecer flores, convites, presentes e até telegramas é uma questão de educação, de atenção, de gentileza. Nesse ponto, digo com toda a certeza: falta educação para os brasileiros! Quer outro exemplo? Imagine a longa escadaria do Teatro Municipal de São Paulo. Sabe quantos homens estendem os braços para subir com sua esposa ou amiga? Pouquíssimos. Falta gentileza, cavalheirismo. Em situações cotidianas, como abrir a porta do carro para uma mulher ou puxar a cadeira à mesa de um restaurante, também falta educação, aquela do “berço”, e tradição.
E não são só os homens, falta de educação também às mulheres que falam alto em ambientes públicos, que tudo criticam, sem saber do que estão falando. Aliás, saber do que e como se fala também é uma questão de educação. Neste ponto, falta cultura aos brasileiros (cultura é educação). Não somos 100% culpados disso, afinal o Brasil é um país novo, cuja preocupação tem sido o desenvolvimento econômico e político e não o crescimento social e pessoal de seu povo. No entanto, mais de meio século vivido pelo Brasil pode fazer com que o povo aprenda e aplique pelo menos os princípios básicos da boa educação.
Alice Carta (empresária de eventos)
NÃO
O brasileiro não é mal-educado e já posso imaginar os narizes torcidos ante essa afirmação e todos os argumentos a favor de outros do Primeiro Mundo, que, em tese, seriam muito mais educados que nós. Mas é preciso definir o que entendemos como “educação”. Seria o conhecimento de regras e procedimentos formais que dividem os indivíduos em tribos, facilitando o convívio em círculos com acesso limitado apenas a quem domina estas regras? Ou teria mais a ver com a cortesia, a sabedoria de transmitir simpatia nos menores gestos? Acho que educação está muito mais ligada à maneira afetiva de se relacionar do que a formalidades. De nada adianta saber comer com todos os nove talheres de um serviço à francesa se na hora da sobremesa, preparada com maior capricho, você declinar com um suspiro discorrendo sobre o excesso de colesterol contido na receita. É uma enorme falta de educação. E quantas vezes não presenciamos pessoas de Primeiro Mundo perpetrando “deseducações” como estas?
Podemos ser mal-informados ou despreparados para um comportamento cosmopolita e sofisticado, mas isso não quer dizer que sejamos mal-educados. Nossa marca registrada é a alegria, a gentileza, talvez um certo excesso de calor humano. Mas, convenhamos, é tão mais simpático este excesso quando confrontado com a fleuma dos britânicos, a quase rispidez natural dos franceses, o drama exagerado dos italianos, a falsa jovialidade dos americanos ou a impassibilidade misteriosa dos japoneses. Somos uma enorme mistura de raças e culturas, este talvez seja o grande trunfo brasileiro. Que aliás lhe permite sublimar suas falhas monumentais de educação, quando aplicamos a palavra no sentido de alfabetização, escolas decentes e ensino digno. Neste quesito, infelizmente, nem com todo o jeitinho da Terra conseguimos fazer frente aos tais povos do Primeiro Mundo.
Cláudia Matarazzo ( jornalista)
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